Ela apenas andava pela mesma estrada todos os dias.
Estava cansada de esperar, de aguardar e de ver todos os dias, as mesmas coisas. O mesmo senhor sentado na calçada com um radinho portatil, daqueles bem antigos, ouvindo musicas mais antigas que o proprio rádio. A mesma turma de amigos sentados em frente a um bar, conversando e bebendo. O mesmo cachorro que a perseguia até em casa todos os dias...

Chegou em casa, tirou seu all star vermelho, e correu para o seu quarto.
Não conseguiu se conter. As lágrimas surgiram contra a sua vontade enquanto ela lia um pedaço da sua última esperança, da única coisa que sobrou de suas escolhas... Uma carta.
Não que a carta fosse a mais bonita de todas que ela recebera até agora, mas era a mais importante.
Ela sentia, de uma forma bem estranha, tudo o que o escritor daquela carta sentia no momento em que escreveu cada palavra. Principalmente as palavras que mais fizeram ela pensar "...e então, um dia, quando você se cansar disso tudo, você vai sentir a minha falta, e infelizmente, eu não vou estar ai pra você..."
Ela se jogou na cama lendo esse mesmo trecho, várias e várias vezes. Pensou em pegar o celular e fazer a ligação que tanto queria, mas se conteve.
Fechou os olhos se lembrando de como havia sido infantil, pensando em como precisava de alguém, e em como não tinha mais ninguém...
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