sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Suicídio

Tudo parecia tão fácil, mas como o velho ditado popular diz "nem tudo é o que parece", e aquilo era uma das coisas que se encaixavam nesse ditado.
A porta de madeira estava entreaberta, mas ninguém se importava com esse fato já que Carol sempre esquecia alguma coisa ( principalmente a porta aberta ).
Mas hoje era diferente, a porta não se encontrava daquele jeito por falta de atenção, mas pela atenção de alguém.

Carol caiu em cima da cama com os olhos vermelhos de tanto chorar. A janela estava aberta e devido ao horário, quando as nuvens saíram da frente do Sol, o mesmo a atingiu no rosto e ela levou o braço sobre o mesmo. Em uma pequena observação, ela viu claramente as cicatrizes finas causadas por ela mesma em seu braço e suspirou; de repente tudo se tornara tão complicado... Seus olhos começaram a se encher de lágrimas novamente e ela se levantou da cama, balançando a cabeça negativamente. Se dirigiu decidida até a cozinha, ela iria fazer isso, por mais errado que parecesse, ela precisava, certo?
Na terceira gaveta do armário, estavam os faqueiros. Ela abriu-o decidida e tirou uma faca la de dentro.
"Só me promete que não vai se matar, se não seu espírito não vai ficar em paz"
A voz dele ecoou em sua cabeça e uma lágrima caiu de seus olhos. Ela estava descumprindo a promessa e ele iria ficar uma fera, mas...
Sem pensar ela pegou a faca, cortou seu pulso e sorriu, caindo no chão.

Pedro passou em frente o Village e lançou um olhar pra janela do 62.
Olhou para o relógio que marcavam exatamente 14:10 e logo em seguida olhou para o farol dos carros ( que estava fechado) e sorriu, atravessando a avenida. Assim que se direcionou ao Village, os porteiros abriram o portão e ele se foi ao bloco 7 e entrou no elevador.
Abriu a porta do elevador e andou até o 62. Tentou abrir a porta que estava trancada e sorriu. Depois de anos puxando a orelha dela, ela aprendeu alguma coisa, ele pensou, pegando na sua mochila a chave do apartamento.
Abriu a porta com um sorriso pra rever a velha amiga, mas ela não se encontrava na sala.
- Carol? - Ele disse, colocando a mochila em cima do sofá e andando até o quarto dela, lançando um olhar assim que passou pela cozinha.
Seu estômago se revirou assim que ele viu a grande quantidade de sangue no chão. Seu coração disparou assim que ele a viu.
Os cabelos louros estavam manchados de sangue, assim como praticamente, toda a parte do tronco superior de seu corpo. No pulso havia um corte de tamanho médio e na outra mão estava a faca manchada de sangue.
As lágrimas surgiram em seus olhos enquanto ele corria até a sala pra pegar o telefone.
Ligou as pressas para o SAMU, pegou uma das toalhas que haviam no banheiro e foi correndo pra cozinha. Se ajoelhou ao lado da poça de sangue e estancou o ferimento. Pegou o outro pulso e viu os batimentos cardíacos.
Estão fracos..., ele concluiu, chorando, segurando a mão dela.
Em menos de cinco minutos ( agoniantes ) a ambulância chegou, e a retirou dali, com ele, já que os pais dela estavam viajando e seus parentes próximos moravam longe.
Depois de dez horas, eles haviam feito o transfusão de sangue e depois de vinte e cinco horas ela acordou.
- O que ? - Ela disse com a voz baixa, abrindo os olhos. - Eu não morri. - Ela disse desanimada, observando onde estava e o viu. Ele estava sério, com os braços cruzados e olheiras debaixo dos olhos. As bochechas rosaram e os olhares dela, ficaram confusos. Ele se levantou e deu um beijo demorado em sua bochecha.
- Carol, não faz mais isso, por favor... - Pedro a fitava, seriamente, com o olhar duro e caloroso ao mesmo tempo. Ela assentiu, dando um sorriso torto.
- Eu só... Sei lá - Carol sentiu as lágrimas surgirem e abaixou o rosto. Pedro por sua vez, levantou o rosto dela, delicadamente e secou as lágrimas que escorriam com a palma de sua mão.
- Prometa que não fará mais isso.
- Prometo.
- Obrigado, agora, eu preciso ir tomar um banho - ele deu um sorrisinho e beijou a bochecha dela, saindo do quarto.

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