
domingo, 10 de abril de 2011
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Nada mais faria diferença agora. Eu olhei para os dois caminhos a minha frente. O que sempre segui, com a mesma mesmice de sempre, e o outro caminho, o novo, cheio de coisas para se arriscar.
Mesmice.
Pela primeira vez, essa palavra se pendeu na minha cabeça e então, comecei a refletir.
Foi meio que tudo no automático, os dois últimos anos da minha vida começaram a passar na minha mente, como um filme, a única diferença é que eu não estava numa cadeira de cinema ou num sofá. Estava no terraço de um prédio, com uma garrafa de whisky na mão, bêbado, obviamente.
Eu pendia na beirada do prédio, abrindo os braços. Sentia o vento batendo contra mim, balançando o meu corpo, enquanto o filme ainda se passava. Comecei a prestar atenção então nos barulhos da avenida que estava logo abaixo. O barulho que os carros faziam ao buzinarem, e as vezes, até a acelerarem. O barulho da sirene de uma das ambulâncias e dos carros de policia que pareciam estar em uma perseguição.
Abri os olhos, puxando um pouco a manga do terno para trás, olhando a hora no relógio.
Não que eu quisesse marcar o horário em que eu me suicidei, mas seria até que... Interessante. Coloquei um dos pés para frente, quase o tirando da beirada, dando mais um gole no whisky, quando ouvi alguém batendo na porta que dava para o terraço. Virei-me para trás, pensando ser algo da minha cabeça, afinal, eram três e meia da manhã.
Pus-me então, novamente, para pular quando ouvi novamente, o mesmo bater na porta.
- Dii-abos! - Exclamei cambaleando em direção a porta, abrindo-a, já que havia trancado-a por dentro. Deparei então com uma menina. Seus olhos negros me olhavam, com certo medo, não com medo de mim, mas medo, por mim. Sua camisola ia até o tornozelo e ela segurava um ursinho de pelúcia. Os cabelos negros cobriam parte do rosto oval que estava vermelho por causa do frio. Eu franzi a testa, não entendendo nada.
- O senhor quer se matar. - Ela disse. A voz fina e meiga, me deixou paralisado por alguns instantes.
Eu pensei em ser grosseiro, mas não consegui balbuciar palavra alguma. Apenas me agachei, colocando a garrafa de lado, observando-a. Então, ela sorriu, sorriu e colocou sua mão quente em meu rosto, eu fechei os olhos, não sei porque, mas fiz isso.
Ouvi ela balbuciar algo e quando voltei a abrir os olhos, ela não estava mais ali, nada de antes estava ali. Eu estava ajoelhado no meio da sala de casa, sem entender nada...
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